Entre um dia e uma noite

Dei-te horas inteiras, e me devolvestes minutos apenas...

Dei-te meus sorrisos fartos, e com semblantes fechados, me presenteastes...

Porque me destes dosados carinhos, se em torvelinhos me doei ?

Olho para o relógio das lembranças, ficou parado há tanto tempo...que já nem me lembro mais...talvez em algum dia quando ainda me querias...

Falta-me tempo para recompor as peças desse quebra-cabeças que somos nós, fragmentos espalhados que mal consigo encontrar...tão poucos e se espaçaram tanto ...

Tenho vivos em mim, espetados na carne, os estilhaços das conversas atravessadas...das dúvidas, nunca explicadas...Incomodando tenho as separações com ásperas palavras...olhares não trocados, porque desviastes para outras direções, enquanto eu tentei outras sugestões...

Engraçado que, embora tenha na boca um gosto amargo, e saudades de ter de ti lembranças...estou em paz...

Olho a chuva pela vidraça...e deitada nessa cama tão vazia de ti, sinto um misto de alívio e frio...abraço meu corpo e acarinho meus cabelos como antes nunca tivera feito, não, não dessa forma sensata, sabendo exatamente o que quero...fecho os olhos e deixo a mente vagar...

Há dias que sei que vou me rasgar, teu fantasma vai me rondar, nesses dias sei que vou regar a solidão dos meus ponteiros com lágrimas quentes...mas juro, que jamais saberás...porque entre um dia e uma noite hei de morrer e renascer tantas vezes quanto carecer...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 04/07/2005
Código do texto: T30846
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