pintura/esboço/s/título
LilianReinhardt
óleo s/tela

              (Memorial de Sofia/Zocha)


No papel de embrulho haviam escritos que a memória deveria rasgar depois de anotados... e os olhos dela experimentavam as prateleiras da venda  e buscavam aqueles pacotes de celofone  sob o vidro. Eram novelos de lã baratos e cheirosos para tecer e demarcadores de trilhas .  Nunca houve cheiro mais aconchegante que daqueles invernos guardados naqueles novelos. Pelos caminhos, com a sacola de pano desengonçada dependurada nos braços, avermelhando e roxeando a concha das mãos  com o peso,Zocha saltava os buracos estes  nunca acabavam e também havia aquele fio balouçando  e perdendo-se pela goela das esquinas que lhe sangravam expelindo-se...Quando encontrava  alguns homens minotauros, o fio esticava e ela de aranha cruzava o mausoléu  da cripta  dos ossuários e se a lágrima congelava o continente então ,novamente acontecia do labirinto criar cabelos de milho.  A cada cratera  ela abria as asas e revoava. Eram muitos os cruzamentos a ultrapassar, as vezes acontecia perder alguma coisa da sacola, mas, o fio daqueles novelos  lhe urdia  os olhos para   a página  que se revirava e que não deveria esquecer daqueles escritos nunca do papel de embrulho, eis que  ainda haviam seres não encerados  que não conheciam árvores de sebo, nem pipocavam ao passar debaixo dos troncos de bugres e assim mesmo a sacola pesando de pedras de poeira acumulada era preciso  desfiar aqueles labirintos, para a correnteza dos caminhos não lhe desflorescer dos teares da  cidade dos seus ossos....