Enfrentando o medo

Assim como a lua a todos encanta,

assim como o sol a todos aquece,

assim como a chuva, que cai generosa, e assim a semente

brota, o solo se refaz, recebendo com humildade o afago das gotas,

que encharcam o chão, preparando-o para o receber da seiva,

o gosto do fruto, o perfume da flor,

assim sou eu, buscando a emoção do amor,

a fuga da solidão que se assemelha com a escuridão,

esta que nos paralisa, nos faz sentir inseguros,

sentimento nascido do medo do desconhecido.

Então respiro fundo e mais uma vez acredito,

que posso, que mereço mais que isto, já que vivo

enfrentando o perigo, em nome do desejo por teus beijos,

da ânsia por teu afago, da necessidade de escutar tua voz,

calma, apaixonada, a me dizer as palavras que há muito tempo

espero, fantasio...

Psiu...!

Silêncio! Só quero ouvir um grito,

o do meu coração, que não se rende à rotina que mata a alegria,

sepulta o entusiasmo, apaga o brilho da luz que nos norteia,

impedindo-nos de ver a trilha que percorremos juntos,

alvoroçados, famintos um do outro,

e provocando um torpor que mais parece uma cegueira...

Não, não permito,

então grito...

Como pôde?

Como posso?

Como podemos deixar nos envolver por essa névoa,

que mais parecem brumas, a nos fazer perder a visão um do outro,

parecendo mais, mendigos famintos que se fartam apenas com pão,

quando deveriam desejar o banquete pra sua satisfação,

composto de cumplicidade, erotismo, amizade,

sensibilidade, companheirismo, amabilidade, perdão, compreensão

e até mesmo individualidade.

Será possível que vencerá a mesmice?

Em detrimento do êxtase?

Da comunhão de nossos corpos?

Da identificação de nossas almas?

Será possível, que prevalecerá o comodismo?

Em detrimento do se aventurar, do sonhar e do

lutar por realizar?

Por um momento prefiro o silêncio, o alheamento,

com receio de potencializar pensamentos que possam

vir a se tornar tudo o que mais temo,

tudo o que luto por desconstruir,

em nome do amor, do prazer,

de tudo de bom que sinto, quando estou com você.

Wanusa Pinto
Enviado por Wanusa Pinto em 09/07/2011
Código do texto: T3085643
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.