[Vida Sem Pauta]

Isto, assim, sem pauta, é como a quero!

Que falta me fariam as linhas da pauta,

se já nasci perdido, e sou um ser sem onde...

As linhas só iriam mesmo é me sufocar,

aprisionar, colocar limites para meus voos!

Sim, sem pauta; e mais: junto com a moleskine,

teria de vir essa moça de olhos grandes,

cabelos longos e suavemente ondulados,

mãos perfeitas, sensuais, de toque delicado

[quase as tomo entre as minhas

enquanto ela embrulha a caderneta!].

Quem, quem neste mundo precisa de pauta?

Doentes dos olhos, caçadores de rumos,

compulsivos maníacos ordenadores de coisas,

colecionadores habituados a deslocar as coisas,

enfim, gente que menospreza a beleza das mulheres...

Eu? Eu não! Eu escrevo a minha angústia

até mesmo nas folhas das árvores!

Ao diabo a prisão da pauta!

Amo as diagonais dos olhares oblíquos,

e quando escrevo, deixo a minha mão correr

solta pela trilha dos meus devaneios...

Ah, aqueles cabelos, aqueles olhos...

Pauta para quê, ô vida danada!

[Penas do Desterro, 10 de julho de 2011]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 10/07/2011
Reeditado em 11/07/2011
Código do texto: T3086031
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