La Double Vie de Véronique (ou Quando as folhas caem)

Varrer folhas secas e gastas num dia de inverno era o desejo de um homem só. Estava pensando em mudar os ruídos da cidade que gravou, por um novo, com o som de um filme como trilha. A rosa despetalada estava no envelope de cor parda, de alma cheia, tão cheia que se esquece do mundo e se torna centro. E é na ausência de qualquer coisa que sentimos, não entendemos, a verdade. O pó enchia seu quintal de um ar sujo, e pensou ele, refletindo e respirando partículas não saudáveis, que os personagens que criava sempre andavam com o bolso vazio. Não se preocupava por ser o mais odiado na Faculdade - rompeu, digno, com a complacência em busca do sincero. Tinha os olhos sempre serenos, para não se envolver pela arrogância. Respirou, tossiu e se embarcou novamente em imaginar seu desejo, varrer folhas secas e gastas num dia de inverno.