Ela não vem.
Na aflição de uma história que não quer nascer, procuro justificativa para o crime de não criá-la. Crio. Não crio. Recrio. Copio. Reciclo no ciclo interminável do inédito sempre presente desde que "o desde" foi inaugurado. Onde o novo está? Onde esteve? Já esteve entre nós e não o vimos? Vou para o garimpo em busca de ouro e pedras preciosas. Busco a prosa onde me entendo. Busco a poesia de um momento. Leve e de peso quero as palavras. Poucas e grandes palavras. Belas e simples. Acessíveis. Encantadoras.
Rabisco o papel só para deixar esta escrita marcada no vinco do grafite de cheiro de ontem. Pinto uma ideia na tela. Raspo e repinto. Saudades do palimpsesto de anteontem que não conheci. Simulo, finjo. Anulo. Queimo. Rasgo. Estrago! Conserto e faço um concerto comigo mesmo. Pleno do nada concluo que tudo é impressão. Em jatos as palavras saíram e ficaram sem corpo no olhar deste que passeia seus dedos no teclado.