A Poça

Eu atravesso a rua, a rua atravessa a cidade, eu atravesso a cidade, caminho ao longo da cidade, eu nunca paro, quando caminho eu olho a cidade, caminho sobre a poça, a poça suja passa pela rua, a poça é grande, caminho sobre a poça, eu caminho lentamente, vou bem junto da poça, olho a poça, a água escura, a escura íris me olha, não estou só, a poça não está só, o reflexo não está só, o eco não está só, não está só o vazio, a poça vibra o silêncio da cidade. Ali a roda do auto passou perto, como no filme, ela não pode se mexer, vejo aquela cena, são dezesseis horas trinta e dois minutos e quarenta e sete segundos, os raios de luz sobre a água dobram no espaço. Sim é agora - um auto passa sobre ela.

Leo Linares
Enviado por Leo Linares em 27/07/2011
Reeditado em 15/08/2011
Código do texto: T3122567