A CARRUAGEM ENCANTADA

Anos cinqüenta, cidade de Goiânia, bairro Vila Santa Helena, uma carruagem percorre as ruas de terra, esburacadas, cheia de poças d’agua. Apenas um cavalo condutor, duas passageiras coberta com um lençol, não sabiam por onde iam, deixava por conta do animal, galopava a toda velocidade, e de vez em quando empinava e se ouvia gritos de medo e depois gargalhadas, de repente parava. –Onde estamos? Perguntava o condutor. –De frente ao grupo escolar respondias as passageiras. Puxava o lençol e pronto. Que suprêsa, estavam em um lugar totalmente diferente, novamente se cobria com o lençol e saiam em disparada. Felizes com as brincadeiras da época, belos tempos, não tinha televisão, vídeos games, celulares, computadores, a improvisação criava brinquedos maravilhosos, correr, saltar nas palhas de arroz e sujar os pés de preto do barro da beira da lagoinha, a noite ouvir histórias de sua mãe, quanta criatividade para narrar as histórias, parecia que estávamos vendo as cenas de luta do príncipe e o dragão. Os gritos de socorro da princesa presa na torre do castelo. O terrível lobo mau, sempre atazanando a vida de Chapeuzinho Vermelho e os três porquinhos. Já era tarde, quase meia noite, hora de dormir, apagar a lamparina e sonhar com o dia de amanhã.

Acabou o encanto, a carruagem se transforma em uma carrocinha de madeira, o cavalo e o condutor se transforma em um menino de nove anos e as passageiras em meninas de seis e quatro anos, mas as viagens continuam nos sonhos sempre coloridos como a felicidade.

Edson Pintor
Enviado por Edson Pintor em 30/07/2011
Reeditado em 30/07/2011
Código do texto: T3127792
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