Transgredir

É que eu queria ter voz. E gritar. E dizer. E amar. Quem sabe transgredir. Inventar. Ou, então, retroagir. E chorar. Eu queria algo assim, envolvente. Aquela chuva que cai, quase quente. Aquele gosto na boca, feito doce. Queria que tudo apenas fosse. Um carrossel de paixões. Um emaranhado de tudo. E de tudo, ficaria algo único. Algo tão pequeno quanto o mundo. Mas que coubesse no bolso, fosse portátil. A modernidade me exige ser versátil. Mas que a versatilidade também fosse morosa, durasse o tempo que precisasse. Não tão lenta, apenas profunda. Que causasse o enlace. O enlace de mim, em conexão com o ser. O tempo do mim, sem medo de viver. É que eu queria ter voz. Pra dizer tudo isso em um único ato. Só que apenas consigo sentir o calo no sapato. Então, vai lá. Já é alguma coisa. Eu me importo. Me incomodo. Me entristeço. Me reviro na cama procurando uma solução para a paz mundial. Que é a minha paz. Clichê? Bom mesmo é ter na vida um porquê.

Andrea Sá
Enviado por Andrea Sá em 01/08/2011
Reeditado em 01/08/2011
Código do texto: T3133584