Amor antigo

Antes de nascer soube te amar,

com um amor-oceano sem medida e com o dom da certeza,

que quanto mais te amava e sonhava,

mais entrava no coração manso de Deus

e assim fui desaprendendo a falar

para apenas te amar além-terra,

corpo-alma adoçando agrura com ternura,

com meu amor inaudível,

feito som das flores e dos passos do sol.

Sou aquela a quem Exupéry mandou amar

sem olhar dentro nos olhos amados,

que passou a olhar candorosamente

na mesma direção que caminhavas

e não obstante longas lonjuras-mar entre nós,

mergulhados no amor que sublimiza,

ambos peregrinos num só sentido,

coloquei a minha felicidade na tua

e acarinhei a tua felicidade no meu coração.

Tal cantigas da lua jamais ouvidas,

mas sem as quais vida não flori,

como a sensação dos pegos jamais tateados,

sem o que vagas não marulham;

segui em ausência chorosa e crente que sonhavas meus sonhos,

nos teus fiz morada absoluta,

e de tanto dar-me e ter-te, sonhando e sonhando,

quando o sol desmanchava canções sobre a esperança

deitada nos montes azuis tocando os céus,

fiz-me d’ encanto do amor invisível

e sou enfim, meu amado,

o amor que arde tal fogo,

feito para sentir,para viver e nele morrer,

corpo-alma-céu!

Santos-SP-11/12/2006

Inês Marucci
Enviado por Inês Marucci em 11/12/2006
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