À sombra de tua ausência (Ao meu Pai)

Há partes tuas em toda parte

Espalhadas nas membranas do mundo.

Repousantes nas encostas,

Ou chocoalhantes

Nas águas de cristalinidade sem par, sei que estão!

Pulmões rítmicos do mundo

Adensam sons parideiros

Em cantata natural

De um quase comum despertar de tua voz.

As estrelas misturam-se

À imagem dos teus olhos:

Espelham! Refletem!

No horizonte, teu grande coração palpita,

Já púlpito do mundo.

Então, viver de lembranças

É sentir-te quando me sinto.

É ver-te quando me visito,

Embrenhado na selva virgem,

De areais entrincheirados.

E, mesmo sob a mortalha

Em que te encontras,

Gotejas seiva de vida,

Desde o amanhecer do dia,

Até o despencar da noite

De estrelas outonais

Paulo Pazz
Enviado por Paulo Pazz em 14/08/2011
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