Boa Noite Nostalgia

Como olhar adiante com a visão turva?

Como explicar a cor do sol...no meio da chuva...

entre o temporal que invade e chove incessante...

Não há um limite...um palpite e a vontade me demite...

enquanto eu com os dedos vou delineando as curvas...

imaginando teu palpite...

As marcas nos travesseiros acusam o fim dos janeiros...

e avisam que nada sobrou inteiro...nem a tinta no tinteiro...

consumida nas madrugadas nos traços e linhas confusas...

onde rabisquei aflita os pensamentos...os versos...

as inspirações que transbordavam na pele...

borbulhavam na taça dos meus olhos ambulantes...

Tantos papéis esquecidos nas gavetas...

tantas amarguras gravadas com letras tortas...

e lá perdida entre as emoções das horas caladas nas noites insones...algum poema que dança por aí hoje...vestido de folhas coloridas...

uma flor de parto dolorido....uma imensa confusão sem sentido...

um traço de mim...um pouco da minha nostalgia...da minha insensatez...rasurada na intimidade que eu desnudo quase sem censura...

E ao invés de catar conchas na beira da praia...cato estrelas no meu pedaço de céu...e quando a lua dorme distraída...ensaio meus passos no lençol do infinito azul...como se fosse um astro triunfante de beleza errante...serpenteando minhas cores de alva tez...

E se te abres em flor agarrado à réstia miúda das minhas lembranças faceiras...terás a minha visita primeira

nos bordados do teu ninho perfumado...

que seja só por um instante...

mas que te encha a alma da minha presença inteira...

pois que quero inundar o teu ser viajante...

tatuar as tuas aventureiras sensações...

me eternizar em ti e nas entranhas do teu corpo...

despido e preparado num ritual de

deleite para o aceite do meu...

E se adiante de mim enfim...não só de sonhos eu

puder compor essa tela...não haverá falta de sol...

nem falta de luz...se dentro do que componho

e junto como em uma colcha de retalhos sem dono...

a esperança surgir...como um facho tímido

de luz derramado sobre o que reservo

da minha constelação principal...que seja bem - vinda

a chuva e os temporais de raios e rasgos de fogo nesse céu

que me há de batizar...

...e se só de esperanças fagueiras conceber o resto

do meu viver...terá que ser recheada de muitos sonhos...muitas ilusões salpicadas no caminho...

pra que o meu coração cravado de espinho

possa encontrar algum bálsamo para chegar ao fim da estrada...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 06/07/2005
Código do texto: T31815
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