NATAL E AS ASAS DO BOEING
Noite de Natal... Escrevo estas mal traçadas linhas, confusas. Vôo 784, sozinha, asas de Boeing, rota de fuga, são tantos os desconhecidos. O que buscam?... Para onde vão?... Meia-noite, e dormem, saudações esquecidas. O Menino nascendo... As pessoas e seus destinos... Incertos...
Noite minúscula, tamanho céu, vôo solitário... O Menino nasceu, os anjos... Você é ausência e dói... Distante... Mas a alma insiste em renascer, transformar o amar em ação, tornar alegria ato maior.
Nas asas do Boeing é Natal... O Menino nasceu, os anjos... Vontade incontida de abraçar os filhos, tão longe. Recriar momentos que agora não estão... Folhear o álbum e revigorar-se... Acalantar memórias e doar-se.
É Natal no caminho das asas. O Menino nasceu, os anjos... É preciso humanizar os olhos, tomar a mão do próximo, encontrar amigos. Procurar a luz e colorir sonhos. Dividir para recolher os vestígios da festa.
Natal! Escrevo estas mal traçadas linhas, para quem? O Menino nasceu, os anjos... Talvez apenas uma prece delicada e tímida... Aterrissar as asas... Nova terra... Recomeçar a vida.
NATAL/2005