[03h48 ...E Enxergas a nossa Cena?]

Eu precisava, preciso ainda...

de uma ilusão como norte;

mas caminhei entre espelhos;

e te vi, te vejo, em mil imagens,

especulares imagens, alucinações,

posições de gozo que inventamos

em horas de soltura das nossas mentes!

Eu insuporto a perda do futuro,

e tu és uma futuração além,

além do meu abraço,

muito além do meu laço!

Tu estás no Amanhã, e assim,

estás, estarás, onde eu não estou, não estarei -

sei do cálculo de probabilidades,

nunca fui muito bom neste cálculo,

mas sou suficientemente lúcido

para saber que o Amanhã só te pertence.

Saio agora... Perdoa-me, se podes...

Isto é, se podes enxergar nossa cena

através desta efêmera fenda do tempo

que ligou o teu mundo ao meu mundo.

[Uma taça de vinho me socorre agora;

experimenta, te dará aquele

muito necessário esquecimento]

Eu vejo bem:

se eu não soube viver-te,

eu devo apenas saber morrer-te.

[Desterro, 29 de agosto de 2011]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 29/08/2011
Reeditado em 29/08/2011
Código do texto: T3188226
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