Ebulição
 
Tentei fazer a alquimia
De todas as fadas e feiticeiras.
Busquei fórmulas exatas
Numa matemática inexata,
Lancei algumas filosofias baratas
Num vento de arames farpados
Onde somente minhas mãos tocariam.
Olhei os astros, os montes e espaço vasto
Da vidraça embaçada pela chuva das noites,
Mas o amor não desistia de romper
Minhas entranhas, minha carne lânguida
Minhas coloridas unhas enfeitadas.
Não, não houve magia nem filosofia
Nem fórmulas exatas, nem dias de sol.
Houve, há esse mortal sentimento
Engolindo num tubo de ensaio
Tudo que tento ensaiar para me deixar ir
Sair de dentro de mim nessa ebulição,
Na fumaça do vagão que passa
Do trem sem lugar vago
Porque no meu desmedido coração
Não existe lugar a ser tomado
Nem vaga para extraordinárias emoções
Que não seja a demolição
Daquele sinal que chega
Daquela sina colombina
Pois nada disso comigo combina.
Então desapareço no tempo
Ou no tempo do tempo
Que passou da hora.