As garças

Aporta-se na chácara Marapé, passando as Três Cruzes do bairro Desengano. É nesse mundão de terras que nas tardes sonolentas me ponho absorto, assistindo ao desfile das garças riscando os céus dos meus domínios, como se fossem gotas de leite derramado, voando, buscando o horizonte que mora em cima da serra da Mantiqueira. Benze-as Deus!

Minha propriedade é tão diminuta em sua extensão territorial, porém, seu espaço aéreo é descomunal (quase escrevo alto pra cacete) incentivando-me a proclamar que, na vertical, o latifúndio é quase infinito.

Quando não observo as garças, prefiro seguir o caminho das formigas. Conversar com grilos e borboletas. E fazer amizade com bromélias, beija-flores e pirilampos. Benza-os Deus!

Quando me apercebo avoado, assovio fino como um pintassilgo...