O momento

O momento

Quando estou com uma mulher não existe outra no mundo. É como se eu não fosse a parte alguma e nem viesse de lugar nenhum. Nela o mundo para. Tudo está nela e ela é tudo, porque todas as outras mulheres estão naquela que me ocupa os olhos. Todo o feminino se encarna nela. Ela é a Danam celta criadora de todos os homens, aquela que eu beijo.

Faço dos momentos com ela uma experiência religiosa e, dela mesma, uma reflexão “lectio divina”. Ela é nada mais, nada menos que o princípio e o fim. É o futuro reinventado. A razão de tudo. Todo o meu ser não existe senão para ela. Nasci para esse momento com ela.

O momento de dizer uma palavra linda.

O momento de oferecer aquele beijo de há muito guardado.

O momento de abrir as comportas daquele rio de carinhos.

O momento de desaguar o rio no mar que ela é.

O momento de ser uma montanha para ela escalar.

O momento de ser suave como a luz da lua para que ela possa me amar.

O momento de ter o peito cálido para ela repousar dos outros homens.

O momento de ter uma voz máscula para ela viajar com segurança.

O momento de ter mãos em concha como uma baía para ela navegar.

O momento de ter nos lábios, beijos para que ela se descubra a si mesma.

O momento pra que ela se sinta a mais amada das mulheres.

O momento para que os vazios dela morram nos meus braços e boca.

O momento para que dos meus ombros ela veja o poente de todos os homens que um dia desejou.

O momento de ficar desperto quando ela dormir, sabendo que em suas curvas o mundo dorme.

O momento de sentir minha respiração respirar com ela.

O momento de todos os seus medos desaparecerem amanhecendo nos meus braços.

O momento de ser, com humildade, total para ela.

O momento da experiência religiosa existencial mais verdadeiro.