Universidade rima com liberdade

Wilson Correia

Eu me encontro em um presídio ou em uma universidade? Se estou com os punhos às algemas, então que prevaleça a “cena”; se estou em uma universidade, que impere, e vença, a li-ber-da-de.

Só para recolocar as coisas em seus devidos lugares: de quem é mesmo o CFP (Centro de Formação de Professores da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia)? Será ele de nulidades nulas, que só abrem a boca quando os próprios umbigos estão em perigo? Ou será para mim, para você, para toda a sociedade?

O que é mais fácil: participar dignamente do debate ou impingir a ameaça? Mas nessa hora as tumbas falam e seus sacerdotes começam a sussurrar. Oh vozes tenebrosas e soturnas, e abafadiças, e sombrias, e lúgubres, aterradoras e taciturnas!!!

Que pena! Que oportunidade! Que momento bom para reafirmar a vida! A vida em li-ber-da-de. De pensamento. De expressão. De ir e vir. De lutar. De estabelecer direitos. Direito de ter condições decentes para estudar!

Paralelamente a isso, tenhamos paciência, que longo é o caminho da consciência. Soubessem os presídios, os que se julgam “donos” do CFP e os acólitos do poder que a luta de um grupo de heróicos estudantes é pela universidade de qualidade, que os filhos deles um dia irão frequentar, talvez, hoje, se preocupassem se os acampados no CFP estão tendo o que comer. Se estão tendo a diversão para o relaxe e o amor bastante para alimentar seus enlaces.

E eu, pensando que me encontro em uma universidade. Lugar do múltiplo. Do diverso. Da prosa e do verso. Do trabalho duro. Da alegria. Do prazer. Do não lugar que é o ficar em cima do muro do não querer.

O muro pode cair. Vir abaixo. Com ele a consciência mágica, ingênua, fanatizada ou de descaso. Enfrentemos os muros, que nossa tarefa é chacoalhar muralhas. Algo fatídica. A nossa é a consciência crítica! Essa que estilhaça muralhas.

Muralha do preconceito. Muralha da inconsciência. Muralha da apatia. Da servidão voluntária. Da subserviência.

Sejamos artistas. Não entreguemos nossas tintas. Folhas brancas esperam “sujeiras” nossas. Sejamos protagonistas.

Deixemos a nulidades nulas onde elas devem ficar. Reafirmemos nossa identidade. O CFP não é de nenhum indiferente que abre a boca. O CFP é de todos nós, de toda a sociedade. É o nosso legítimo lugar. Nele está nossa vida. Nele reside a nossa identidade.

Que tenhamos a capacidade de perdoar os sonâmbulos. Que tenhamos a força para abraçar o pertinaz.

Sigamos em frente. A história que teremos para contar será aquela que brotará de nossa ação, de nossa força de vontade.

Não nos esqueçamos que toda história feita em silêncio um dia será objeto de contação, desde os telhados. Qual será o seu lado?

Nela você verá o lugar que os fatos reservaram às nulidades nulas. Eu, você e quem acredita na qualidade da educação como direito, poderemos, graças à nossa conquista, ver-nos e os nossos nomes impressos do outro lado –do lado daquele que não se acovardou.

Avente!!! Vamos acreditar! Jamais se esqueçam que a força está no coração daquele que aprendeu a compreender e a perdoar!