Nenhum sonho pode ser mais longo do que um outono

Sem visão para vê-lo aqui de baixo

Da cama, há um louco em minha mente

E ele tem uma idéia, acho...

Bato com a cabeça e ela sangra

Na cabeceira, quando sentia-me bem

As palavras ecoavam dentro de mim

Verdadeiras, ao rastejar eu inalei impurezas

Não consigo encontrar recursos que estaquem o sangramento

Sobre a mesa, para aprender a manusear essa arma

Chamei pelo nome esquecido, arranquei cabelos, penteei-os

Não há alternativas para combater uma calvície provocada?

Pelas mãos, munições para se sentir homem com desejos humanos

Adulto, ser uma criança, ser um velhinho magro

De punir os atos impensados, simples assim...

Porque não pode haver diversão por aqui, nessa cabeça rachada?

Grisalha, não se pode encontrar o caminho para a luz sobre a calçada?

Sozinho não há o que fazer, estou calvo, sem peruca

Por lei, pena na solitária; desejos solitários, vida solitária

Devido ao formato que nos foi apresentada, a cela

Induziu-me à dias escuros e nublados como um hoje eterno

Eu tenho um sentido aguçado, quadrado...

... Ouço o chamado, vindo além das barras de aço

Caem as folhas do telhado, caem os cabelos, há tempos estou aqui

No assoalho, nenhum sonho pode ser mais longo do que um outono

Passo a não levar as coisas tão à sério

É sério, acredite nos meus ouvidos, eles nunca estão prontos para ouvir

Mas, eu ouço o espectro me chamando todas as noites

Nessa frequência inevitável eu o ouço

É verdade, eu ouço sua respiração

Desperto com seu susssurro em meus ouvidos

Seu nome, Todd Rundgren, sinto as batidas do seu coração...

Responda-me, todas as minhas dúvidas, num refrão

A única verdade absoluta, dizia o velho trovador

É a certeza da morte, e nela há que se regozijar

Para alcançar algo supremo e descobrir

Que certamente tudo o que eu quis sempre esteve fora do meu alcance

Suave maré de paixão, agora somente um sonho, amor esquecido...

É, somente um sonho como outro qualquer, esqueço o pavor

Puramente suplico por um barulho, a quebra das vidraças

Estou molhado e já não tenho toalhas para me secar o suor

Faça-me acordar e interromper esse sonho que não se finda

Entorpecido, há diversão sempre que eu desejar, um violão para tocar?

Um homem sozinho não consegue o perdão ao, de joelhos, suplicar e orar?

Eu não posso me manter em penitência eterna!

Devido a forma dos dias de hoje que passam tão rápido

Tenho um sentido afiado, e então, num esforço, acordo e ouço o som do ponteiro metálico

Tic-tac, tic-tac... Tic-tac, tic-tac... Tic-tac, Tic-tac...

*A Todd Rundgren (22/06/1948)

Marciano James
Enviado por Marciano James em 21/09/2011
Reeditado em 16/03/2012
Código do texto: T3232457
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