A cidade chamada Continua

Continua é um lugar sabia? um lugar chamado Continua, e tu nem sabes? Eu hen! um menino sabido me soube assim.

É uma cidade criada pelo menino que sempre me segurava a mão na hora de tirar fotografia, ele me dava mão porque achava que eu tinha medo (e talvez tivesse muito medo mesmo) pois chorava horrores, então ele me dava a mão para me amar e para talvez eu parar de chorar... o menino me segurava a mão e me levava para um lugar chamado Continua. Continua sempre continua mesmo em mim mesminha, não pára não viu? É preciso ir andando, correndo até, de vez em quando se puder e quando quiser, pode dançar também e nem existe fantasma lá, ar parado também não fica. Ainda eu não parava de chorar, porque tudo nesta cidade linda de não morrer ainda continuava sempre e era no gerúndio que tudo acontecia-acontece-acontecendo, as palavras andam e os verbos vão segurando na mão das palavras, e nós íamos gerundiando o tempo a vida a fotografia. Gerundiar é descer rolando pelo carrinho de rolimã, e o menino descia no carrinho e sorria o sorriso mais lindo que o vento levava... gerundiar é vadiar pelas ruas de conversações bestas e palavrões, e o menino tinha todos os sentidos nos olhos nos ouvidos na língua na pele nas narinas de todas as palavras. E o menino que segurava minha mão conjugava os verbos vivos com perfeição grega que até o tempo se sensibilizava e sorria comovido e apaixonado para ele, o Tempo que era brabo e queria engolir a gente, sim o tempo era coisa estranha e olhava com a cara mais feia do mundo que dava vontade de sair correndo aos tropeções, e era mesmo então que a gente corria e gritava de certo pavor, subíamos as escadas e fugíamos, para onde mesmo que nem tinha saída! era um desespero e um deus nos acuda, fechava todas as portas e janelas não era legal tanta correria e escuridão assim, a gente se escondia debaixo ou dentro das coisas, o tempo também tinha vez dormia dentro da gente, e era dentro do armário que uma vez a gente acabou dormindo de canseira que o tempo dava na gente, só um pouquinho do Tempo era Tempo a beça, mas quando de repente dava de cara com o menino, o Tempo... Ah, o Tempo até sorria e sorriu mesmo e teve gosto, tanto que o Tempo não quis engolir mais a gente, vê você que isso me deu até tempo pra pensar no tempo sem susto de ter que ir correndo mundo afora pra dentro, foi então que aconteceu o mais surpreendente de tudo, foi que o Tempo virou do avesso sem descontinuar e ficou assim encantado com o menino que me dava as mãos e deu um Tempinho pra ele, e deu um tempão pra cidade chamada Continua, deu um Tempinho ainda maior neste mundo doidão de deus! Foi uma vitória nos portais da cidade Continua, teve festa e tudo.

Uma batalha de deuses: o Tempo e o menino que me dava as mãos.

E nessa batalha sabe quem saiu ganhando? Fui eu! Foi todo mundo. E eu penso em você menino que me dava as mãos, e é um herói desta cidade chamada Continua. Somos dessa cidade pertinho, pequenos heróis continueiros ou continuenses? Continuamos, então, viu? Continuamos!

Continuando!

Tb continuo de amar! No gerúndio que não acaba nunca, nunquinha.

Alessandra Espínola
Enviado por Alessandra Espínola em 23/09/2011
Reeditado em 24/09/2011
Código do texto: T3236562