Senhora indesejada

Invistas com teus malditos aguilhões,

cravejados do mortal veneno,

aplicando a este velho corpo,

a inércia dos movimentos,

oh! senhora do ermo.

Percebo de pronto, o teu tardio chegar.

Porque não viestes na minha mocidade?

Porque não me visitastes na minha juventude?

Enganei-te por uma vida inteira,

oh, dama da solidão!

Dribles diversos foram. Lençóis... vários.

Rolinhos, há, há...incontáveis.

"Dribles da vaca",ora, ora... aos milhares.

Hoje tu vens de encontro a este corpo

inerte e quase frio.

Marcas e cicatrizes inúmeras deixadas

pelo teu implacável e fiel escudeiro, o tempo.

Que galardão terás em tocar a este velho e frágil corpo?

Quais serão teus lauréis nesta vil e derradeira empreitada?

Oh, senhora morte, com o passar dos tempos,

percebo algo de sábio...

Comigo, oh, senhora...

Não obtivestes tanta sorte.