Águas do tempo
Há quanto tempo permaneci neste lugar?
No silêncio, reparando o deslocamento das águas?
Vieram noites, dias, experimentei a ventania e a chuva.
Parada. Tentando tirar da lembrança imagens do passado.
Quantos pensamentos, quantos textos permaneceram escondidos!
Na superfície molhada, cenários calados de um passado recente parecem não se importar com a correnteza.
Ficarão para sempre detidos no coração.
Eternamente...
Concluo que as palavras são desnecessárias, vazias, nem sempre exprimem sentimentos, emoções.
Ainda é árduo, a passividade me angustia.
A magia das águas me atrai, me convoca, me impele.
Sei que posso fazer nascer novos panoramas, novas recordações.
Me deixo, pouco a pouco, experimentar a água fria sobre meus pés.
Vou adiante. Me permito vivenciar esse instante.
Viver!
Imergir nas águas do tempo.