Doces mistérios

Engasguei nas palavras e tropeçei nos nossos vazios...enquanto suspirava, ouvi tua respiração metrificada, totalmente organizada dentro do hiato da nossa voz.

Tão pouco de nós nos define, tão pouco caressemos. Poucas falas...espaços...entre um silêncio e uma palavra, e um milhão de pensamentos...sensações...nós, verbos gentis, ternura em muitos matizes...pintando nos lábios um do outro a nota da próxima sinfonia...

Não queremos do céu o infinito, refugiado num grito...emudecemos dentro do beijo...é pouco mais que um sonho, é desejo dentro da promessa...é conversa calada, que reproduz o céu da boca, estrelado, brilhando ofegante...

Quero braços a me alcançarem...queres mundo pra voar...quero sonhos de acalanto...queres poesia sem quebranto, talvez um canto.

Te quero vertigem, te quero loucura...e tu, qual tua miragem? Até onde a emoção te segura?

Próximos e distantes, hoje como antes, levemente amantes...somos luzes piscando na mesma constelação...saudade antiga, espera dividida...

Na trilha do meu coração, seguem teus passos comedidos...no silêncio da tua alma,

passeia a minha...n´algum lugar estão nossos corpos atraídos pela mesma magia...

Doces são os mistérios dessa cumplicidade, que não se explica...vive à beira do caos, sintonia na mesma vibração...uma centelha dentro da imensidão...uma fagulha pronta pra incendiar...sem rebouliço...sem aflição...serenados nos olhos que se caçam e se afastam...tanto quanto se procuram e se bastam...

Nos traduzimos em trechos de silêncios perturbadores...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 09/07/2005
Código do texto: T32626
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