Lágrimas do diabo

Quando a porta dos sonhos se abre,não sabemos onde vamos velejar na noite infinita. Eu não deveria dizer as coisas que digo,nem escrever o que escrevo.Nas páginas limpas do silêncio.Carrego um mistério de amor,envolto em poesia.

Mas é algo que vem sem motivos.Muito além do que se pode compreender. As palavras nada significam se não existe uma história,um sentimento para ligar uma ponto a outro.Então tudo o que é verdadeiro nos tira o sono.Contas de luz e telefone.

Eu sou o homem mais comum do mundo.Tenho um emprego mediano,não completei a faculdade.não sou bom em nada.Quase não bebo,quase não conto piadas,divirto-me pouquísimo. Não minto, não faço cenas de teatro nem escândalos sexuais .Sou relaxado e despretencioso. Por isto e aquilo interesso a todas as mulheres do mundo.

Pois posso ama-las como um ser profundamente apaixonado e posso trai-las como um canalha qualquer.

Entre uma frase e outra,seguro as mãos. Quero imaginar um outro paraíso divino, um meio de explorar comercialmente a lua. E planejar um veiculo lançador na atmosfera de Marte que permita ao homem conquistar o planeta vermelho.

Dizem que o bem mais precioso é a lembrança.Mas viver de saudade nos deixa estranhos,distanciados da realidade.Fico quieto,preso ao laço de luz que liga as galáxias.Dentro do espírito da madrugada,os cabelos dos cometas banham os planetas com o perfume amiscarado do desconhecido. O preço de estar vivo entre uma vírgula e outra, é a consciência.

Eu sou o homem mais comum do mundo.Não muito inteligente, um bocado rabujento.Não gosto de direito,bruxaria e de psicologia. As vezes, estou tão cansado que sinto o coração parar entre um sopro e outro de ar.O meu futuro é ser sem futuro. Toca o telefone num filme e eu atendo mecanicamente. As mãos sempre viajam solitárias enquanto o amanhã não ressuscita pela manhã.

Sou um cara doente,tomo comprimidos todo dia.Sou barbudo,fedido e solto puns escondido. Não tenho amigos imaginários nem virtuais.Apenas um real e distante.Que passa emails dispersos no tempo.Tenho febres e devaneios. Ouço o vento soprar nas árvores,sou um animal desesperado, uma máquina defeituosa. Barco a encaixar a proa num onda violenta. Sem querer parecer um protesto contra a situação econômica da Europa,desejo encharcar as roupas de gasolina e acender um isqueiro bic.Não espero ,mas dependo da boa vontade dos deuses.

Nada se parece com que se parece,repito frases sem nenhuma pretensão sem precisão.Disparo os olhos para escuridão,tento pintar seu vulto feminino nas paredes.

Deito no sofá, esqueço a teve ligada e durmo.

Sou o homem mais comum do mundo

carlos assis
Enviado por carlos assis em 10/10/2011
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