Um coração esdrúxulo

Quando você chega, meu coração descompassadamente bate por ti, meus olhos te chamam, minhas narinas te escutam, meus ouvidos te sentem, minha boca te olha, meu corpo te contempla e a minha alma se enche de luz, como uma lua enluarada no céu do sertão.

Meu coração tímido e apaixonado, pobre coração meu! Tão distante de ti e ao mesmo tempo, te tenho tão perto de mim. Será que você algum dia vai voltar? Será que você realmente me amou ou me ama? O que faço com meu coração? O que digo para ele? Que música cantar? Que história contar? Que pensamentos pensar? O que dizer para o meu coração, tão tímido e tão apaixonado? - Meu coração chora, sofre, deseja, agoniza em desespero, em só imaginar que, talvez, nunca mais te verá novamente. O que faço eu, com esse coração? Como vou viver com um coração triste e perdido de paixão? Doá-lo seria a solução? Trocá-lo? Vende-lo? Aposentá-lo? - Já amou demais, que, já não sabe diferenciar amor de verdade, de um amor falso, Pirata? - Não, meu coração, não. Meu coração é jovem e muito sábio.

Meu coração é um esdrúxulo incorrigível, somente. O que diria Fernando Pessoa (se ainda vivo) ao saber que as palavras, e não somente as palavras, são esdrúxulas quando se ama, mas também o coração?