Tempestade.

Escuro, céu sem estrelas, a chuva canta sua canção e aqui dentro posso ouvi-la; o som de gotas atingindo e se desmanchando ao tocar o chão, então molécula a molécula se reúnem, tornando um com todas as outras que fazem o mesmo caminho. Pureza estigmatizada pela mão do homem, filho ingrato da Terra e que um dia se verá sendo punido pela força triste e mórbida da qual tanto obstina a maltratar.

Sol que se esconde por trás das nuvens, arauto das tempestades, o dia é frio e a paisagem é cinzenta, uma floresta cinza, floresta de prédios; Sem campos, sem lagos, sem terras livre, solo fértil sob concreto sem poder oferecer a força da vida que é sua carne. Cai a tempestade e sem seguir seu real caminho, sua fúria inflama, a água envolta de força reprime tudo, castigando quem tenta ser superior à sua natureza.

Logo começam com a reza, como se suas palavras vazias pudessem reparar seus próprios pecados, criar milagres, esquecendo-se de que o maior milagre já está lá e aqui e em volta, entretanto continuam a ignorar e destruir; E o sol continua por lá a brilhar e nos esquentar, repelindo temor da solidão e do escuro, eternos no coração do homem, trabalhando infinitamente desde o momento de seu nascimento e nunca parará até o momento em que se transformará.

E a noite chega, céu sem as luzes estelares, a tempestade berra do lado de fora, ainda a escuto, a que fúria não cessa, água golpeando o solo e molécula após molécula, alimentando a terra ferida por nós, castigadores de nossa própria Terra. Para as Estrelas eu rezo pedindo perdão por participar dessa tristeza e sofrimento enquanto espero e espero pela beleza antiga que ainda dorme no coração desse velho Planeta.

Ariel Lira
Enviado por Ariel Lira em 12/10/2011
Reeditado em 25/10/2019
Código do texto: T3271394
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