Tempo (abstração)
Tiras tudo de mim tão cedo, priva me do senso de tudo que é bom, detestas-me tanto assim?
Fazes parar a máquina que permite os rios vermelhos fluírem, odeio-o por fazer-me sofrer, prometo que isso não será assim;
corres com o que é oportuno, entretanto deixas tua pressa quando trás a dor e não se preocupa em roubar-nos a juventude e poder, depositando todo o teu peso sobre nossos ombros;
acompanhas a distância, pois com ela causas mais estrago, sorrindo aos que se submetem a ti e maltratando os que tentam partir a linha que descreves com o nome de destino;
PRESENTEMENTE(já) questiono-te, qual a razão de detestar-me mais que o resto dos viventes? Minha atitudes nesta vida ou em qualquer outra lhe desagradaram?
Conduzes para onde eu não possa alcançar, tudo o que em meu coração tem mais valor, odeio-te como odiou um Dorian Gray de um certo conto, que com desejo temível driblou-te, mas como ele não sou eu;
desfaça os nós da corda da tristeza na qual me amarrou, liberte-me do castigo do qual me colocou, devolva-me tudo o que de mim levou;
teu destino não me prenderá, isso eu jamais irei deixar, contra a correnteza irei lutar e ti não irei perdoar, o que foi perdido um dia irei recuperar e então saberás que não permitirei que rejas minha vida como fazes tudo que há em tuas mãos e o frio do arrependimento cairá sobre teu peito caso tenhas coração;
agora creio que sei o teu segredo, então me detestas por que toquei em tua ferida e temes que o mundo saiba? Pobre senhor Tempo, tirou tudo de meu coração e me abriu caminho para a tua devastação,
agora é tua vez de chorar, chore, chore, não pôde me devolver meu coração então lhe levarei até a solidão, pois tu me criou e agora conhecerá o que trouxe a mim.