Enquanto uma mão me afoga, que a outra balance o berço.

Na alcova luzidia

De minha doce vida,

Uma mão me asseia,

Outra me lambuza e destempera.

Enquanto um beijo me estala a língua,

O futuro empresta do mar o enigma

E das cavernas, a obscuridão de agora.

Se a mão primeira pelo meu corpo passeia

Em suas viagens de enleio,

A outra me vem vigorosa,

Causando furor e confusão.

Assim, me vejo entre extremos.

E desses pólos distintos

Não sei qual mais falta fará,

Pois um me seca a boca

E o outro me molha a alma.

Enfim, que seja assim:

Enquanto uma mão me afoga,

Que a outra balance o berço.

Paulo Pazz
Enviado por Paulo Pazz em 14/10/2011
Reeditado em 15/10/2011
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