Zé Mané

Estava Zé caido ao chão

Na véspera de uma eleição

Bêbado... Angustiado...

Sua mulher o havia largado

Ouviu então uma voz lhe chamar...

Parecia um Doutor...

De tão alinhado !

_ Ô Zé ! Levanta deste chão

Venha cá meu amigo

Me dê a sua mão

Amanhã é dia de eleição...

E você terá que votar !

Cumprindo assim, o dever do cidadão !

Quê cidadão que nada Dotore !

Passei quatro ano a sonhá

E agora veja adondé qui eu vim parar !

_ Mas Zé ! Você está muito desiludido !

Não fique assim meu amigo

Agora. Sou eu o candidato

E durante o meu mandato

Terá um grande amigo!

Podendo contar comigo

E tudo vai melhorar !

_ Ô Doutô ! O Sinhô falô tá falado !

Parece inté um Adevogado!

Que veio pra me salvá !

Veja Zé ! Tudo que posso fazer...

hoje, já consegui deste chão te reerguer !

Obrigado meu Dotore...

Num vô isquecê o favore

Qui acabei de recebê !

_ Agora vá Zé !

Vá pra casa descansar;

Mas olhe ! Tome cuidado !

Poderá no caminho...

Um engôdo encontrar !

Leve contigo este santinho

Tem nele uns numeruzinhos

Que amanhã vão lhe ajudar !

Mai qui ingraçado Dotore !

Ô santinho tem a cara dô sinhore !

Agora tenho certeza !

É cum fé e esperança...

Qui no Sinhore eu vô votá!

Cabeçada pra lá...

Cabeçada pra cá...

Com muita dificuldade

Zé conseguiu em sua casa chegar.

Dia da eleição

Zé deceu o ladeirão

Todo empolgado

Com o santinho na mão !

Esse Dotore tem qui ganhá

Nele eu confio !

E sei qui a minha vida vai miorá

Terminado o pleito

Zé colocou a mão no peito

Ajoelho-se ao chão

E começou a gritar...

O Doutô foi eleito

Serei seu braço dereito

Sabendo ser seu amigo

Ele vai me ajudar !

_ Quatro anos se passaram...

E Zé caído ao chão

Apenas um cachorro...

Lambia a sua mão

Abriu os olhos...

Olhou... Viu então o Doutor

Que um dia colocou

Um santinho em sua mão !

Dotore.... Sô eu o Zé

Que um dia levô fé...

Fazeno ganhá a eleição...

E óia qui foi duro dotore !

Foi somente um voto a mais

Qui elegeu ô sinhore !

_ Zé ! Qui Zé ?

Num te conheço não !

Na certa é mais um vagabundo !

Apenas mais um pidão...

E lugar de vagabundo

É dentro de uma prisão !

Num concordo não dotore !

Passei quatro ano...

Clamano o sinhore !

_ Ora ! Não tenho tempo a perder !

Tenho agora uma reunião...

Lá ! Estarão meus pais... Meus filhos...

Meus primos... E meus irmãos...

E hoje ! É decisivo !

Tenho planos para a reeleição !

Zé cabisbaixo... Indeciso...

Pensou: Acho qui isso... é o tá dô neputismo! ( Nepotismo)

Ergueu os olhos ao céu e disse:

Deus ! Seja o Senhor meu amigo !

Otro mandato não !

Sinto-me fraco...Iludido...

Tamanha decepção !

E de quatro in quatro ano...

Uma nova disilusão !

Autora: Maria Helena Alves Lamanna

Rio Preto-MG

Maria Lamanna
Enviado por Maria Lamanna em 18/10/2011
Reeditado em 18/10/2012
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