Fragmentos de um diário

Continuo debruçada no peitoral da janela, olhando a chuva que cai
fina, fria e eu lesa. Enquanto respiro a vidraça desenho linhas, traçando lentamente minha vida: fantasmas escorrem, impressões pessoais de quem caminha em passos firmes, deixando marcas em forma de bússolas para não correr o risco de sentir-se perdida. Uma luz no túnel indica outros caminhos: algumas vezes sinto-me serpente mordendo a vida, deixando o veneno da vaidade decidir o rumo do barco que veleja escondido e em sonhos prova por um instante o sabor de abraçar um porto.
Beija-me um sopro de vida, a serpente de boca em boca arrasta-se perdida na loucura de ser uma maçã, conforma-se com a vida. Não sei quanto tempo estou debruçada na janela, mas uma linha foi traçada, compreendo apenas que a minha história eu posso escrever: alguns dias caminharei sobre estrelas, outros sobre pedras, isto é fato real...Está rompendo uma ponta de sol, essa luz me chamando para viver meu hoje como se fosse o último.
Olho-me nos olhos e já posso ver o tamanho do meu sonho, refletido na janela... um pouco mais de sol viajo para o além.

Sonia Lupion Ortega Wada
Enviado por Sonia Lupion Ortega Wada em 18/10/2011
Código do texto: T3283260
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