Ser em si mesma

"fidelidade a mim mesma

é o que importa"

(Maria Helena Sleutjes)

Contorno as margens brotadas de mim, me alongo e afasto seguramente, olho para o centro como um sol sobre o campo cintilante de búfalos em choque correndo para si mesmos entrando na imagem do espelho do lago que hidrata o campo a relva as margens as árvores o céu de nuvens, circulo o espaço de infinitos órions horizontes, me procuro ainda no impossível cerne, não salvo nem im_peço o fim de mim e de todas as coisas, me desbasto em vida orvalho verde e floresço o campo mais inóspito vazio vasto vadio de ser eu mesma.

***

"abri os olhos

para ver as cores amenas

das manhãs anônimas"

(Maria Helena Sleutjes)

As cores amenas são feitas de luzes claras ou de sombreados suaves? nada que seja muito grosseiramente forte ou estampado de ardências. ah, como desejo a dança do ameno, do claro solar das manhãs e do sombreado noturno da escuridão, dêem-me apenas o tato, a coisa do ser em si, o concreto olhar de tudo, a realidade estilhaça no olhar todas as perspectivas como as ondas do mar tudo destrambelha na areia...desde sempre eu procuro, eu busco sim o suave e o brusco de todas as coisas em mim, sobretudo em mim, eu cavo, navego, desbasto o barro inventado e juntado de todo esse tempo desamparado guarnecendo chuvas.

Alessandra Espínola
Enviado por Alessandra Espínola em 25/10/2011
Reeditado em 25/10/2011
Código do texto: T3297296