CIDADELA

Eu venci paralelepípedos...

Cada bloco que eu formava, mais subia ruas inteiras, becos e quarteirões nasciam.

Eu vi o vai-e volta que muita gente percorria, outros distraídos tropeçavam sem garantia nos meus buracos. Assim para iluminar o progresso instalavam postes de luz que alegria!

Muitos cravaram-me trilhos. Bondes, trens festejavam o meu destino.

Ainda assim fui além, asfaltei estradas desertas, rodovias espessas, avenidas estreitas.

Em muitos terrenos eu me dei baldio.

Em mim nasceram sem querer árvores plenas, chorões buscavam lágrimas na passagem dos dias. Raízes trafegavam nos meus subterrâneos, até se entrelaçarem tanto e formarem linhas onde o metrô corria.

Cada ponto meu foi tomado, traçado. Trajetos foram criados. Percursos não possuíam mais recursos. E muitas das minhas rotas ficaram tortas. O itinerário do homem eu acompanhava e agia, surgiram de mim bairros, favelas e periferias.

E assim alastrando-me , tal como um rio, obstáculos eu desviava e sem controle algum a minha metrópole o homem formava.

Só cuidado com seus passos e da maneira que você pisa, porque eu sou ela, a cidadela...

Helena Istiraneopulos
Enviado por Helena Istiraneopulos em 28/12/2006
Código do texto: T330325
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