Da arte da escrita (?)

Bêbado? Não....Deprimido?...um pouco. Mas quem não é. Por isso escrevo. Por isso exponho toda a minha canalhice em forma de poesia. Poesia ruim? Sim....mas o mundo merece melhor???? Sei lá. Aliás, eu sei de muito pouca coisa. Entender, menos ainda.

Sei que não sou bom em receitas de bolo. Nem em fazer amigos através do constrangedor ato da bajulação. Sim, esta mesma. Que serve para confortar egos sem talento. Que ajunta palavras de qualquer jeito, para justificar um amor que nunca existiu. Recomendação: tome um anti-ácido. Assim se priva o mundo de menos uma poesia ruim. Todos saem ganhando. Todos ficam felizes. E poderemos todos ser privados da liberdade de expressão, que mais constrange que expressa.

Sou péssimo em seguir meus próprios conselhos. Por isso estou aqui, escrevendo mais um pecado contra a nação das letras. Mais um pecado feito de frases tão pouco calculadas. Tão pouco aduláveis. Tão pouco agregadora. Tão pouco "família".

Só o cinismo é calculado e tem algum talento. Sim, porque não fosse ele, eu não teria falado de amor na primeira, segunda, terceira pessoa. Enquanto o estômago se revirava e enquanto um sorriso mal se continha na boca. Como é fácil usar palavras gastas, para expressar emoções corroídas pela sanha das declamadoras.

Um aviso: palavras juntas sob um título, não são orações intocáveis. Elas podem estar no lugar errado. Nas mãos erradas. Lamente. Santo que é santo, faz voto de silêncio. E faz silenciar a quem tem fé. Escrever não é religião. Escrever poderia até ser arte. Poderia ser ciência. Mas dada minha falta de talento para ser lírico, ser clássico, ser romântico, virou patê de letras. Uma receita sem sal e cheia de um azedume característico dos péssimos cozinheiros. Não vou pedir para engolir. Mas há os sádicos. Há quem goste de coisas estranhas. Como eu.

Então, passa o tempo, e este atropela. Pisa sobre a beleza da maquiagem da poesia prostituta como uma barata que quer ser borboleta. Somos todos altamente esquecíveis. Altamente ignoráveis. Sem talento? Não...sem vergonha na cara???? Talvez....porque antes de tudo, aprendemos a insistir. E se você insistir muito, reinventará a expressão de velhos sentimentos....alguém ainda acha isso???? o que fazemos, é assassinar a beleza que se encontra oculta, que permeia o mundo, com uma descrição indecente de mesa de autópsia.

Sejamos então cretinos. Nisso somos bons. Em fingir que amamos para escrever com o ardor de uma beata. Mas falemos mentirinhas piedosas. É feio apontar o defeito dos outros. Temos nós muitos, não é mesmo??? É pecado falar que não há um pingo de talento em um quilométrico poema que fala de coisa alguma.

Vou rezar. E rezar muito para eu virar um gênio. Um gênio tão grandioso, mas tão grandioso, que não precisarei escrever mais. Serei o silêncio absoluto. Sepulcral. Que entende até mesmo, a necessidade de se poluir o mundo com qualquer bula de anti-depressivo.

Por enquanto sou esse péssimo escritor. (E hoje em dia, quem não é), que não se desculpa por ser a pior coisa que já aconteceu, entre o começo do mundo e a morte do bom senso.