Ora sim, Ora não
Na verdade não parecia ser meu coração que doía. Era um pouco mais que isso. Todas as minhas vísceras eram solidárias e doíam em conjunto.
Eu não sentia borboletas no estômago enquanto esperava pela resposta que não vinha. Pareciam-me milhões de pássaros famintos que tentava desesperados, sair em revoada de de dentro de mim.
Seria um parto. Um parto múltiplo. Um parto antagônico. Dele morreria a ansiedade que estava consumindo-me já não tão lentamente.
De repente, a tosse engasgada. E nem ela era capaz de satisfazer a necessidade de ficar bem, de estar bem, de voltar a sentir-me bem. Tudo era uma questão de alguns passos.
Ele estava de costas para mim, observava pela janela.
Botei maior atenção. Seus gestos eram muito firmes e imprevisíveis. O pêndulo que equilibrava a certeza oscilava.
Quase meio dia indicavam os ponteiros.
Expressividade em seu semblante:
Ora sim, ora não.
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