Portas Abertas

As chaves das portas da frente são tantas quantas forem as fachadas, daquelas ruas onde as casas tem jardins em frente, sem cercas ou muros para obstruir a passagem do novo visitante.
Há de ter também campainhas de sininhos, para que os visitantes avisem por respeito, nunca por proibição, que adentram as casas, e possamos assim recebê-los com alegria e empatia.
Não há de se julgar os visitantes pelas vestimentas que eles usam, nem pelas línguas que falam. Não há de se impedir o acesso daqueles que não tem a cor semelhante à sua, nem travar as portas para aqueles que tem na pele marcas e sinais, causados por espontânea vontade ou pela vontade da vida, ou até mesmo por motivos em que se desconheçam as origens.
Mas há de se respeitar sim o livre arbítrio tanto do visitado, quanto do visitante, de entrar ou convidar para que saia, de assim o for desejado.
Abra mão dos pré conceitos, e aprenda antes de confeccioná-los a dizer simplesmente Não, se o Não assim lhe aprouver.
A pior atribuição que se pode ocupar é a de juiz, e não queira para si o que não deseja para ninguém, como não queira nenhuma outra comparação ou variação de direitos entre o Eu e o Próximo que resulte para qualquer um dos lados em depreciação.
Mas se tiver de julgar, julgue. Julgue e arque com a sua parcela da penalização.

Ao escolhermos caminhos, dificilmente poderemos voltar atrás.
Como uma nave que sai da rota, seria intolerante vê-la dar ré para corrigir sua navegação.
Como a embarcação que em mar aberto, ao sair do caminho correto, refaz seus planos de viagem e simplesmente refaz o caminho em direção ao porto certo.
Assim são as chaves e as portas. Nunca se sabe em que lado, o de dentro ou o de fora estaremos, por isso seja gentil tanto para quem as adentra, como com quem lhe receba.

Seu coração abre e fecha passagens tantas quantas forem as necessidades do seu organismo. Esteja triste, alegre, com raiva ou entediado, lá está, irritantemente trabalhando, mesmo que você não perceba.

Assim é o tempo, que implacavelmente passa, e corrói chaves, portas, jardins e campainhas. A única solução é sempre cuidar da constante manutenção das coisas, dos sentimentos e dos relacionamentos, fazendo da corrosão um motivo de ação permanente de manter e cuidar, e quem sabe até criar algumas novas portas, enfeitar as soleiras, atualizar os sininhos. e pense: uma plaquinha ou tapete com as palavras:

BEM VINDO

CarlosVMuniz
Enviado por CarlosVMuniz em 31/12/2006
Reeditado em 06/11/2010
Código do texto: T332793
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