SE EU TIVESSE

Se eu tivesse de falar do amor sem medidas,

diria apenas que ele é infinito, inconteste e absoluto.

Se precisasse falar da alegria pura

falaria sobre crianças, e amanheceres, e chuvas finas e brisas frescas, e brincadeiras inocentes, e abraços ternos, e riso e horizontes.

Se me perguntassem sobre beleza, falaria de flores, e pássaros, e olhos que brilham como estrelas, e corações envelhecidos como vinho, em barris de experiências; e sonhos embalados em cantigas de desejos.

Se fosse falar de tristeza, lembraria de despedidas, e desencontros, e perdas, e renuncias...e medos; e cicatrizes e magoas e frustrações.

Se tivesse da falar da dor, falaria sobre mentiras e traições, e morte, enganos e desencanto...e lagrimas sentidas e gemidos entrecortados, e feridas abertas, e corações semimortos.

Se tivesse de falar de esperança, lembraria de frutos e sementes, ainda no ventre, na mente, no coração...aguardando o tempo de nascer.

Se tivesse de falar de liberdade, falaria do vento, das nascentes, oceanos e atalhos e montanhas ainda por percorrer e limites a vencer, sentimentos por experimentar sem medo de sofrer.

Se tivesse de falar da vida, diria das muitas mortes de todos os dias que temos de morrer para aprender a viver.

Se eu tivesse de falar das coisas, diria de coisas cujo preço está no valor que lhes damos, e não no valor que nos atribuem.

Se eu tivesse de falar de pessoas, diria da igualdade do gênero humano ante a realidade do caráter de cada um. E da essência única de cada alma.

Se eu tivesse de falar qualquer coisa, diria tantas coisas sem sentido em busca do mesmo... e pecaria talvez pela qualidade ante a quantidade.

Se eu tivesse de falar ...

Se eu tivesse de ser ouvida...

A melhor palavra seria meu olhar... talvez uma lagrima, um sorriso, minhas mãos estendidas..

O melhor discurso que eu poderia proferir seria o silencio... e em meio a paz desse silencio, compartilhar todas as idéias e sentimentos, sem que uma única palavra fosse dita.