Capitalista disfarçado de Comunista

Calvo e sóbrio andava assim. Sem pressa...

Questionava tudo com retórica e dialética

Por muitas vezes me pareceu mais um político corpulento

Carregando sua maleta 007 de espião brazuca

Daqueles que são reeleitos porque a lábia é boa.

Cultua arte clássica e deseja ser possuidor de obras,

Das mais barrocas e puritanas, desenhadas

Com pedra-sabão e banhadas com verniz

Até singelas e contemporâneas crias modernistas

De Anita, Kandisnki, Tarsilla e Segall

Realmente era notável... Como não notar?

Elegância no andar. Conversa imponente.

Dizia: “Sou homem de lugar nenhum

Viajo com aviões, embarcações e drogas

Leio muito meu jovem. Informação é poder! Crê?

Crês nisso? Meu maior compromisso é não ter juízo.

Apenas com as palavras. Elas matam sem balas.

São armas apontadas!”

És homem de Direito? “Magistrado” Hummmm....

Fala com autoridade, sem malicia, poucos gestos.

Endireita o terno. Folga o nó da gravata e questiona:

“Outro cappucino jornalista?”

Aceito e permaneço escrevendo mentalmente seu perfil.

Olhar fixo, consegue expressar sua angústia.

O passado corrompido pelo ex-chefe

“Meu antigo patrão, era um comunista!”

Como assim? O que quis dizer?

“Eu sou um capitalista influenciado pelo Marx”

Compreensível. Porém qual era o fato?

“Foi Zé, foi... Hoje o fato é que sou uma farsa”

Ok farsante, és um pseudo-comunista-liberal

“Não gosto de rótulos, mas esse até que me caiu bem”

E é jogando as palavras que nasce um novo refrão:

Adora a internacional, mas não vive sem o Capital

José Luís de Freitas
Enviado por José Luís de Freitas em 05/01/2007
Reeditado em 05/01/2007
Código do texto: T336899
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