O fogo, o ardor do amor investe sobre o corpo e o espírito, da mesma forma que a chama investe contra a lenha. Razão pela qual, no ato do amor o corpo se contorce qual madeira verde que se deixa queimar fumegando. Todo o ser é atingido por essa chama e se identifica nela.  
            No extremo desse ardor o corpo todo treme experimentando um entusiasmo no grau mais elevado que possa haver e, paradoxalmente, um abatimento em meio a gemidos que nenhuma força pode evitar.  Tal estremecimento se encontra aquém dos limites da eternidade e vivê-lo evidentemente aviva a vida. 
            São felizes aqueles que atingem essa consumação, sentindo dentro de si a força desse ardor que produz o desejo de estar e permanecer amando, o que me parece perfeitamente normal entre pessoas que uniram suas vidas e se querem bem.
            Quando soubermos transformar todos os instantes da existência num ato de amor, tudo estará resolvido.