UM AMOR TÍMIDO

Era um amor que, de tão tímido, só sabia se esconder. Ele apresentava-se para o mundo, se comunicava bem, mas queria sempre estar perto do seu amor, ao mesmo tempo em que, vivia fugindo do encontro.

Como podia viver assim? Era o que ele mesmo se perguntava.

Aonde ela fosse ele ia atrás, era fácil adivinhar os locais: a festa de São João e outros Santos; as quermesses, festas da Igreja, eram os lugares de acontecimentos da vida deles.

Um dia ousou um grande plano, era carnaval e ele lançaria uma pequena dose de lança perfume no corpo dela. Aquele friozinho perfumado daria o recado: - eu te amo, mas renunciou ao plano, era muita ousadia pra sua timidez.

O tempo foi passando e muitos anos depois ela o procurou, ele só não desmaiou porque não poderia perder aquela oportunidade de tê-la pertinho, ouvir sua voz e dirigida a ele, era um espetáculo único, o maior da sua vida, e assim a timidez segurou o desmaio.

- Você hein garotão, quanto tempo perdemos – disse ela com aquela voz meiga e aveludada. Por que não disse que me amava? Eu te querida, sabia? Mas pensei que você fosse totalmente indiferente a mim...

Bem, vamos dizer, sim, mas também fazer - segurou o rosto dele e beijou-o intensamente, foi o que faltava para mandar a timidez morar em outro lugar.

- Nesta noite eu não desgrudo de você, te quero todinho, viu? - Disse ela com determinação.

E assim foi: grudadinhos naquela noite e nas noites seguintes, sempre enamorados, caminhando no mesmo caminho.