MISTER BRAGA
05.01.2012.
 
 
Não vejo arbitrariedade ou despotismo que seja na afirmação pessoal
Vejo que meu avô, seu Braga, tinha razão em ser intempérie
Lembro-me de seus sapatos pretos e o pisar firme, resoluto
Respostas na ponta da língua e advogado dele mesmo
Uma personalidade forte, agressiva e dinâmica
Mas eu era seu neto preferido...
 
Não compreendo os surdos ante uma sinfonia de Bach
Minha avó Leda Nolding tocava de ouvido ao piano
Seu Braga era um substrato do colonialismo
Filho do Barão de Campo Grande, senhor de escravos
Perdeu tudo, gastou o que restou do tudo e fez três filhos
Mas foi por aí que vim parar aqui...
 
Jamais desmerecei o potencial de seu Braga
Um senhor airoso e pulso e honra e vaidade
Calças, roupas, perfumes e mulheres
Armas e disposição para atacar, mesmo dentro da Marinha brasileira
Uma espécie de alavanca que frutifica num dinamismo sem igual
Um potencial com um raio de ação que nunca vi igual
Quantas vezes não brincou comigo de cavalinho...
 
Quando criança, tinha medo de seu Braga
Mister Sildo Braga...
Escondia minha chupeta debaixo daqueles ventiladores de ferro que ventavam
 
Sua organização é algo que nunca vai sair de minha cabeça
Um tino para negócios, imediato e rápido
Um labor rotineiro e exato que nunca foi necessária advertências
 
Eu era seu neto preferido
Por ser o primeiro neto homem?
Não sei, só sinto saudades, muitas
Muitas lágrimas por mister Braga...
 

 
 
Marcelo Braga
Enviado por Marcelo Braga em 05/01/2012
Código do texto: T3423438
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.