PARA LER ENSIMESMADO

O tempo roubado

Ninguém nos devolve

E não adianta reclamar

Se não perdemos tempo e ele voa

Não é a toa que pelos dedos a água escoa

É o molde que não tem cópia

Só há uma maneira de descolar a carne

Ou com os dentes ou com os vermes

Somos os passageiros

Que nunca alcançamos

O motorista condutor

Somente pagamos pro cobrador

A passagem sem sabermos

A hora em que vamos chegar

Se já não chegaste

Quando ainda nem saístes do mesmo lugar...

Quais mobílias pesadas que se arrasta

Em condescendência mútua

E a locomotiva é onde estamos

É lá que estamos presente...

Na cidade do agora

Nas casas passantes dos ponteiros

Estamos nos movendo à corda

Á corda acorda acordado

Um joguinho de dados

Na base da sorte ou do azar

Este é o nosso lar?

Então quer dizer

Que o tempo verdadeiro

É aquele tempo prensado

Que passa como um trator

Por cima da gente?

E nós é que pensávamos estarmos indo

A seu favor?

Quando na verdade

Nós somos quem alimentamos esta imensa

Caldeira de vapor movida à massa que o tempo amassa

Escravos, que horror!!!

O mundo é um relógio gigantesco

E nós suas pecinhas?

Engrenagens que se vão emperrando

Atrasando e quando param...

Desertaram-se deste frio lapidário

E o cuco imaginário voa?

Deixando suas penas

Embaladas sob a corrente do nada...

Passando o boi

Passa a boiada

Somos vermes na goiaba bichada

Voa pássaro saudade engaiolada...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 05/01/2012
Código do texto: T3424466
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