Não decidi,
Não optei,
Acontecendo-me está.
Por não ter sido escolha, não tenho nada pré programado, assim, duplamente mesmo.
Também há em mim um susto de quem se sente num anzol; nada entendo de anzóis.
É estranha e assustadora esta sensação de ser pega, mas é inegável a delícia que me causa.
Nada sei do instante seguinte, o que poderia ser amedrontador para quem sempre esteve dirigindo roteiros.
O que me assusta, o que estou com medo é exatamente de não ter medo; que coisa mais estranha!
Assim, como uma folha solta no vento, vou deixar-me ser levada sem saber para onde.
Riscos... Cansei de correr riscos muito bem calculados com um poderoso antídoto secretamente guardado.
Estou assim, neste sei lá que não sei mesmo, porque um dia teria que existir este não saber, teria, deveria.
Mesmo na ousadia de querer segurar a vida em minhas mãos como se houvessem rédeas, conduzi nada não.
Agora, muito mais que ousadamente pensava controlar, soltei a ideia de que podia dirigir algo de fato.
Não saber e nem querer prever o instante seguinte é como mergulhar em alto mar sem saber nadar e que sensação toma conta de mim!
Eu sei bem que não é lógico atirar-me em águas profundas sem saber como nadar nelas, mas flutuo que é uma beleza, isto não é o tal antídoto, porque não me esqueço da temperatura e nem de tubarões famintos...
Mas nada supera a delícia em que me encontro, nada mesmo!