O sintoma do perigo é estar vivo

O sintoma do perigo é estar vivo, dividir o existente com o exigente.

Sucumbir o medo e adorar gente,

sofrer de asma, ver fantasma,

Ajoelhar perante a imagem, depois da sacanagem.

Subir a rua com a pele nua, dividir o pão com o ladrão,

comer o enlatado até ficar entalado.

Trocar o luar pelo celular, bater e apanhar,

Chorar com o nó na garganta, depois acreditar em esperança.

Lutar pela fome e cuspi no prato que come,

a grana que vem da bola, tomar coca cola.

As trancas na janela, no escuro sem a vela,

beber água suja na gamela, puxar o vento com manivela.

Levantar e rezar e as contas não pagar,

furar a fila com pressa, preparar a compressa.

Beber ate cair e depois dirigir.

Fugir pela tangente no meio de muita gente,

a mão calejada, vista cansada, pele suada, trabalhar e não fazer nada.

Dependência de empregado, o ser discriminado, a porta e o cadeado.

Vou vivendo enquanto sirvo, o sintoma do perigo é estar vivo.