Todo cais é feito de saudades

SOZINHA... no absoluto e negro e estranho vazio de minha alma, agora silente, imóvel.

Olhando a barca de meu sonho partindo do porto, afastando-se lentamente, abrindo atrás de si o espaço angustiante entre ele e o cais.

TODO CAIS É FEITO DE SAUDADES.

E, dentro de mim, começa a formar-se com dolorosa doçura, imagens estonteantes entre sonho e realidade.

Dentro de mim começam a girar lembranças de outros tempos. Sentimentos de tristeza que me envolvem nas lembranças de alguém, que misteriosamente um dia fora meu.

Nossos momentos...tão nossos...tão fugazes e intensos, feitos de silêncio iluminado que revelou-se admiravelmente simbólico e pleno...até a dolorosa instabilidade e total incompreensibilidade...

TODA SAUDADE É FEITA DE RECORDAÇÕES.

Ver a barca do meu sonho partindo...o misterioso receio da solidão.

As entranhas contraem-se, arrepia-se a pele, a tristeza invade e o corpo sente a agonia.

Lenta agonia...morte lenta...

A inexplicável e sádica vontade de voltar a sentir tudo outra vez...

TODA SAUDADE É FEITA TAMBÉM DE DORES.

Ah ! já se fazem estanques meus cantos de amor...

Minhas sensações esgarçam-se como nevoas em noites frias...

Resta-me apenas a confiança inabalável de que tudo tenha um sentido belo e maior, que apenas ter partido o barco onde ele, meu amor, ia.

........................................

Apenas olho... sem ver.

As imagens constroem-se na imaginação submersa, no vazio de minha alma, imóvel, silente.

Olho do cais, pela janela fria da madrugada, A BARCA DE MEU SONHO PARTINDO...

TODO CAIS É FEITO DE SAUDADES

Aziul
Enviado por Aziul em 23/01/2012
Reeditado em 24/01/2012
Código do texto: T3456270
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.