Num dia qualquer...


Às vezes a vida me adora e sinto o abraço do cansaço na permissão de querer apenas ser, e vem aquela tristeza de crepúsculo, um banzo invade a tarde que já vai indo... canto de despedida, parece prece e eu fico lembrando... não sou moça nem velha, tenho minhas cismas, minhas manias e uma dose diária de vaidade em ser feminina, por vezes sei o que dizer, mas me calo, depois não sei o que faço, abro gavetas procurando coisas, arrumo o armário, procuro bagagens, o meu peito é lesado... tenho uma idade dentro de mim que não tem lógica, às vezes ando prá trás e esbarro nas paredes, quando vou prá frente me lembro que não sei voar, então eu paro... vou ler poesia, vou escrever, vou sangrar e espero... se a alma chora, vai levando, vai lavando, irrigando... nessa hora é quando a vida mais adora, porque a alegria que brota da tristeza, é alegria da mais generosa.
 


( imagem:  "depressão feminina" )