As Folhas

Lá fora, um leve sopro torna-se interrupto o silêncio da noite gélida. Ainda que pela janela pudesse prestigiar nossa visão com as folhas secas ao vento. Já vencidas pela intrépida ação da natureza, não teme por onde sobrevoa.

Como não esperar pelo teu desejo, suas palavras e teu abraço em minutos de prazer que no silencio de nosso beijo, nos amamos. O amor e a saudade por onde andam? Talvez galgando por caminhos atenuantes onde neles possam se desvencilhar de todo seus temores e se fortalecer.

Dividir-se entre o frio e o silêncio da noite tendo nas mãos apenas a incerteza.

Passos frustrados oscila para alcançar sua alma fria enquanto o coração arfante e sem razão, se encolhe com pudor.

Já caem gotas de chuva que tornam o frio desconcertante e minhas lágrimas as acompanham sem cessar.

Já não espero que esta noite termine assim. Vejo meus sonhos atravessarem a janela e partirem sem rumo junto às folhas secas ao vento.

Posso presenciar cada lágrima ser confundida com as gotas a cair pela janela.

Posso não mais ver a chuva parar, que pode nunca mais assim o meu pranto secar.

Não tive dúvidas do meu frio, das folhas caídas sem saber, de cada grito espremido no peito.

Tive saudades de correr pela chuva e sorrindo me atirando nas enxurradas que me cobriam e me deixava feliz.

Tive saudades de limpar as janelas, de enxugar o meu pranto que me fez esboroar por incansáveis noites chuvosas.

Tive saudade de mim, quando não senti o leve sopro que o destino não evitou e queimou minhas folhas.

adiv
Enviado por adiv em 01/02/2012
Reeditado em 02/02/2012
Código do texto: T3475369