Chichi Ariki

Fitou a chave tipo L que segurava em sua mão. Dourada, com duas pontas iguais, sua existência, em uma primeira impressão objetiva e funcional, era a de uma ferramenta manual para apertar e desapertar parafusos. Com os olhos molhados projetou em sua mão enrugada e cheio de manchas uma lembrança de sua juventude. Irritado e cansado, teve de buscar a chave L em um lugar distante. Era essencial o uso da pequena ferramenta. O destino são encontros e desencontros. Ao entrar no elevador, ultima etapa para chegar a chave L, esbarrou numa de pele morena e quente. Rindo timidamente consigo mesmo, pensou que estava velho para se emocionar daquele jeito - 41 anos depois de um encontro, sentia a presença daquela pele morena e quente, que lhe deu filhos, esperança e amor. A chave permaneceu em sua mão, e também o mistério, depois de alguns dias, que intrigou a todos que fitavam um falecido senhor em seu caixão com uma chave L na mão.