À espreita da sorte
Seca-me a razão nos olhos marejados de sonhos...secam-me as palavras nos lábios estéreis...secam-me os ossos no frio das estações tão desertas...
Soçobram meus dias na dobra das horas pálidas...lúgubres...que roçam entre mim ...o hoje e o amanhã...
Desdobro as faces recolhidas e num suspiro último...me agarro as imagens confusas do espelho ...onde as respostas andam as escuras...procurando linhas, da face débil ...entrelinhas; das falas desordenadas.
Tenho me encontrado...tenho me perdido...nos mistérios que me açoitam as frágeis esperanças...e no canteiro da vida vazia, seca-me a beleza fria.
Foge em passos apressados a vida recoberta de minudências, que contam das carências... evidencia a essência ...traga em goles fartos, os sonhos que servidos em taças finas, respingaram ...gotejaram sem se permitirem ao paladar...
Como tenho sobrevivido as minhas incongruências, que me botam a cara no mundo,
sem medo...as ambivalências mundanas, que assolam e devastam os sentimentos....
Como tenho andado à espreita da sorte...sem rumo e sem norte...
Se fugir das evidências; cobro-me a realidade nua ...mas se aceito com serenidade a realidade...a evidência me sufoca...
Perambulo entre a vida e a morte...entre o céu e o inferno...bebo em doses letais o amor que a vida me oferta ....e oferto pacificamente o néctar do meu amor, sem meio-termo...
Entre eu e os ossos ...não existem corpos...