Lentamente (Softly), 04/02/09



Que poderia dizer eu sobre o que a muito venho sentindo... Aliás sentindo seria pouco, é uma vivência. Dizer que este amor me consome, me corrói, me devota, é o trivial. Como explicar em palavras toda a dedicação de anos. Mais um dos dilemas desta vida de diversidades. Certa vez exclamei que sofrer e amar é a dicotomia perfeita da vida. São tantas outras... Não posso mensurar. É demais para mim. Tudo isso é mais do que posso suportar, sou tão frágil para amar. Tão sensível ao sentimento. Lentamente me sufoco neste mar de embriaguez... Que este efeito seja o mel de meus dias. Cantando minha vida com as palavras dele...disse o poeta. Isso é recíproco. Conduz-me e mata-me diariamente com tuas palavras, ou melhor com teu olhar. Mesmo que não possa vê-lo, mas é perpétuo em minha mente. Cada aperto de teus dedos em minhas mãos é como a carícia de minhas próprias, como estopim de delícias que ardem sem sofrer e concomitante congelam os abrasivos da alma... Tu sabes que sabe me amar. Pena ainda não sei, não da forma ideal que sonhara. Assim surgiu e assim é este amor... São verbos simples que podem descrevê-lo, simples como ele, e colérico quando quer... Todos somos ou imaginamos ser amantes, é o sentido que nos impulsiona. Cantou uma boa canção, percebi seu estilo. Fitei-me no delírio mundano do divisor de águas vindouro. Decidimos viver este pecado um tempo e dele brotou tudo isso. Todo, inteiro, sou completo por ti! Louco visionário de uma vida sem limites. Onde os campos são pequenos e os fortuitos são perenes, na utopia transcendente de sentir-se uno...
Essa voz nunca se cala, teu ressonar é ainda mais forte, é combustível para meus sonos e sonhos juvenis. E como se supera...Somos um enfim! Pois sua dor eu sinto agora... teu pulsar me invade...todas investidas são incertas, só é certo esse torpor! Jamais serei o mesmo, seja o destino o precursor de quaisquer rompantes. Letárgico estou e assim perecerei com alegria. Continue...entorpece... São delírios estes que faço agora, a melhor forma de poesia...espontânea. Siga-me matando levemente com sua canção... É aquela que ensurdece saudavelmente cada passo. Eu te observo. Tu não, apenas me segues. Só assim serei melhor, serei maior. Com estes rabiscos seguem a dor enrustida e apaziguadora da minha existência que é nossa... Somente o plural é adequado neste caso. Certo dia expressaste teu amor. Contou tua vida e usou minhas palavras. Era o que queria ouvir. Seguimos trilhando pelos caminhos escuros que nos conduziram a excelência...
Meu Deus, que se dissipem os algozes! Aos preconceituosos meu sincero abraço! Jamais se espera compaixão daquele que não a tem para si. Jamais se denota emoção para aquele que não a viveu. Juntamo-nos a almas enriquecidas... Aquelas que nos apoiaram e em quem encontramos apoio. A verdadeira dedicação e porque não dizer declaração e entrega mútua. Que família formamos, ela não se desfez! Não pode perecer, pois são laços divinos. O entardecer de algumas estradas encontram caminhos antagônicos, distantes muitas vezes... Denotam nossa personalidade humana de decisão e poderio autônomo de imperadores de nossas circunstâncias, senhores do destino, como se diria. E a todos que seguirei dizendo que quero deitar-me em berço febril, erguer meus punhos à luta e verter o sangue de toda a jornada que me fez hoje. É penoso o caminho, sim, não há como negar, é entrega, é renuncia, é cessão... Rendemos e transferimos partes de tudo aquilo que se imagina ser... Se até a epiderme se altera na totalidade em curto espaço de tempo, imaginem a complexa e incompreensível mente humana... E a mente de quem ama... imaginem! Todos nós amamos... não... já que é impossível amar o material, ele não possui forma definida para o mundo da verdade. A verdade plena de regozijos, a imagem refletida daquele que nos criou, e nos cedeu o direito de refletirmos agora.
Segue então a canoa de ventos brandos. Aquela que a brisa do mar nos deixou. Nessa partida, um abraço quente me inundou. Enxuto de todas as lágrimas que um dia ingênuo pude romper, e mesmo consciente prosseguirei abundantemente. Todo o rubor que me causou a multidão, repito...foi passageiro. A multidão é sábia no que diz, tola no que pensa e cega no que sente... E meus sentidos estão aguçados, mais do que prontos principalmente para te ouvir. E é nesse embalo que aplaudo e ovaciono essa bela trilha dourada... Ele leu meus bilhetes...cada recadinho e os interpretou. Lá estava o coro. Alguns sisudos, outros lânguidos e donos de fleumas. Apáticos por não sentirem o mesmo, e foscos de um amor que os incendiasse. Pois é este o carma. Se ele existe só deve ser um legado. E ele é frutífero, fugaz, banal...e resume-se em sua tênue intensidade, se assim pode-se dizer... Quero dar vivas às escolhas que fiz e a vida que me cerca! Abrandar com os olhos de toda essa imensidão, para assim mais tempo ficar ao teu lado. Não me afogue em frias águas, contudo inunda com teus lábios.... O dourado é o novo, e o novo é hoje, tudo aquilo que preciso revelar, o amanhã será hoje se assim o quisermos e assim será fatalmente se o sentimento triunfar. É isso que nos basta, todos os demais frutificarão daí. Mesmos sozinhos agora nada mudará. Os ventos já se tornam mais fortes e a tormenta tardará. Eu orei... e fui compreendido. Que mais bênçãos poderia ter? São lágrimas de imensa felicidade que posso concluir. Todas as linhas seriam parcas. Prossegue o teu crime, desfalca o resquício de dúvidas que venturosas surgirem! A canção segue mais ao fundo, e o punhal estoca o ventre dos hereges. Aqueles que falamos intactos estão, portanto, conte minha vida, vamos...ela é a sua também. Agora repito, apenas me siga. O caminho está traçado. Abre a janela de tua casa e as luzes se apagam...É hora de partir. Só o faço pois meu amor me espera...


 
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Ps. Inspirado nas canções da grande Roberta Flack.
Adam Poth
Enviado por Adam Poth em 12/02/2012
Código do texto: T3495266
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