Que seja como deve ser

Louvo ao Senhor o direito de ter esse amor.

Agradeço ao Universo a chance de ter vivido todo esse amor.

Por um período voltei a ser uma adolescente que tudo pode.

Por uma centelha de fragmento de percepção pude me jogar.

Por momentos únicos me sentir amada com uma importância que não conhecia.

Foi mentira, foi só um aproveitamento, não importa, eu sei que não.

Eu sei como estava seu olhar muitas vezes em que ouvi: - Te amo.

Eu sei como um passarinho acuado, com medo, sem saída no labirinto,

tornou-se capaz de voar, refazer a plumagens e dançar pelo céu azul.

Só eu sei como esse pássaro que não sabia poder cantar, hoje faz saraus.

Sei que meu amor fiel e leal restabeleceu a confiança em si.

Eu sei que ouve desistências e que elas foram cruciais para o dia de hoje.

Não sei nem se tenho cacife para bancar esse amor tão impróprio.

Já tive, mas acho que apostei alto com cartas não tão fortes.

Fui a banca rota, hoje olho o jogo rolando só na observação.

Tudo bem, de metáfora em metáfora, estou só dizendo:

Amo-lhe ainda, vivo sem você bem e feliz, mas olho o jogo e espero.

Quem sabe hora dessas posso sentar-me à mesa de novo.

Ou vou sentar em uma nova rodada, com novas cartas e um novo cacife.

Esperarei... observando.